Entenda sobre a situação da comunicação e suas implicações na atualidade na palestra de Jose Javier
por Elisa C. Espósito e Jorge Salhani
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Webjornalismo, jornal impresso, fotografia. Foi pela convergência entre esses e diversos outros meios que Jose Javier Marzal Felici, diretor do Departamento de Ciências da Comunicação da Universidade de Jaume I, na Espanha, abriu as atividades da XV Jornada Multidisciplinar da Unesp Bauru.
Com todos os assentos do auditório ocupados, Felici, que também leciona algumas disciplinas como teorias da imagem, tecnologia e produção audiovisual, explicou sobre as características da mídia atual, suas decorrências e suas problemáticas na mesa “Narrativa audiovisual e convergência midiática”.
Segundo o professor Javier, assim chamado pelos outros docentes que compunham a mesa, ao avançarem as formas de produzir comunicação, simultaneamente essa é mais disseminada – temos acesso a canais e veículos que as antigas gerações nem imaginavam. No entanto, isso pode configurar-se num grande problema se não conseguimos distinguir informações entre confiáveis ou não. “Chega muita informação e fica difícil julgar qual é a melhor”, afirma Jose.
Para ele, o que leva a esse acontecimento é a falta de ciência da população ao interpretar a comunicação. Muitas vezes os estudos e pesquisas prendem-se ao meio acadêmico, o que impossibilita outras pessoas de terem acesso. Sem conhecê-los, estas não os interpretam com segurança.
Com o intuito de resolver a complexidade em que a informação encontra-se hoje, Jose Javier sugere a inserção da comunicação à educação infantil. Desde cedo, matérias e exercícios sobre o assunto devem ser trabalhados com as crianças. Isso pode ser feito através da análise de imagens e notícias em sala de aula, por exemplo. Tais conteúdos devem, primeiramente, possuir um caráter de entretenimento, a fim de não se tornar algo maçante e de difícil compreensão. Posteriormente, podem ser apresentados conteúdos mais densos, de forma que a comunicação esteja presente de forma contínua na vida das pessoas.

Outro ponto destacado por Jose é a ausência de uma ensino sobre imagens, as quais, segundo ele, devem ser estudadas da mesma maneira que um texto. Para o professor, “é necessário saber escrever por imagens”. Uma ilustração pode chocar o telespectador, transmitir uma informação e, ainda, ilustrar o fato. O texto, por si só, às vezes não consegue fazer isso e, se conseguisse, não seria tão rico e imediato quanto uma imagem pode ser. “A foto é um instante que pode contar uma história muito complexa”, afirma o Javier, frisando a importância de saber manusear as ilustrações, a fim de que não ocorra uma distorção da realidade.
Dentro dessa noção, ele cita a publicidade, área que se utiliza da noção e percepção por meio da ilustração. Entretanto, diferentemente do jornalismo, que visa à retratação da realidade, essa não necessariamente limita-se ao real, já que o seu intuito é chamar a atenção do público-alvo.
Para o mestre em Comunicação e Audiovisual, a informação é, atualmente, mais fácil de ser produzida. Qualquer dispositivo eletrônico, seja ele um gravador, uma câmera ou um celular, pode transformar um fato casual em uma notícia de repercussão nacional ou, até mesmo, mundial.
É interessante notar que as transformações ocorridas na mídia desenvolvem-se de acordo com avanços não só tecnológicos, como também econômicos. Dessa forma, fica fácil entender a análise feita por Javier de que as mídias fluem juntamente com os fluxos monetários.
Em suma, a notificação dos fatos flui melhor na sociedade atual, mas ainda encontramos barreiras quanto ao seu entendimento. Por isso é necessária a formação de bons profissionais na área, o que é um tanto desafiador frente a todos os obstáculos erguidos pela convergência midiáticas. Conforme concluído por Felici, “para que haja bom jornalismo, necessita-se de bons jornalistas e, para que haja boa comunicação, necessita-se de bons comunicadores”.
Assista à cobertura em vídeo da palestra aqui.
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