por Letícia De Maceno e Arthur Nonato
A importância das mídias alternativas e o marketing digital serão os assuntos abordados por Rodrigo Chagas em sua participação na XV Jornada Multidisciplinar, que será realizada entre os dias 14 e 16 de maio. Chagas comandará uma oficina sobre web marketing na tarde do dia 16 e, na noite do mesmo dia, participará da mesa “Comunicação e Consumo em Mídias Diferenciadas”.
Na primeira parte da entrevista abaixo, Chagas trata das mudanças nas visões das empresas sobre o marketing digital, das oportunidades, e dos riscos, que a internet oferece às pequenas empresas, de como o profissional de marketing tem que ver as mídias digitais e do futuro do marketing nas mídias alternativas.
Mesmo com a popularização do acesso à internet, ainda existe algum tipo de preconceito com o marketing digital ou uma preferência das grandes empresas pelo marketing tradicional?
Já existe um pequeno amadurecimento do mercado brasileiro quanto ao marketing digital. O principal benefício do digital é a possibilidade de mensurar o resultado quase que em tempo real e, mais que isso, adaptar as táticas com o passar do tempo. No caso do marketing tradicional, é muito subjetivo e complicado em medir o impacto de um outdoor ou mobiliário urbano. Na internet o resultado é mais transparente.
Percebe-se esta evolução da verba alocada para o digital, o mercado acredita mais nas possibilidades que a internet fornece. Atualmente, o orçamento médio das empresas para o marketing digital no Brasil está entre 5% a 8%, bem diferente dos Estados Unidos (8 a 15%). Um caso interessante em terras tupiniquins é o da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que investe mais de 50% do seu orçamento total em divulgação na internet.
O web marketing é a saída pras pequenas empresas terem suas marcas mais conhecidas?
A internet, sem dúvidas, é uma saída interessante. Segundo dados recentes da ComScore, o Brasil representa o 7º maior mercado mundial de audiência de Internet. Além deste potencial, nosso país cresceu 9% em comparação com o ano anterior (2012).
A Internet é o ambiente menos complicado e burocrático comparada às mídias tradicionais. Com poucos recursos e, em alguns minutos, é possível inaugurar uma presença online e divulgar serviços através de links patrocinados.
Entretanto, na maior parte, as pequenas empresas precisam ficar atentas ao custo da operação. Nem tudo na internet é gratuito, os custos invisíveis como hospedagem do site, manutenção técnica, equipe com experiência na produção de conteúdo e divulgação, se não forem bem administrados acabam afundando a empresa.
No ano passado, aconteceu um desastre com uma pequena empresa de e-commerce chamada Visou. Em uma das interações com seus clientes, no Facebook, que reclamavam pela demora da entrega do produto, a marca mandou a sua cliente “ir procurar um macho”. O impacto foi tão devastador que a empresa perdeu muito em vendas e foi obrigada a fechar alguns canais digitais. Pequenas empresas não podem deixar a interação com clientes (a hora da verdade) nas mãos de amadores.
Na segunda parte da entrevista, o carioca Rodrigo Chagas nos contou um pouco mais sobre a mudança nos tipos de consumo na era da convergência de mídias e também deu ótimas dicas para o profissional de marketing que deseja entrar nesse novo mercado apontando os desafios que ele pode enfrentar. Rodrigo deixou um “gostinho” a mais do que será a discussão da Mesa “Comunicação e Consumo em Mídias diferenciadas”, imperdível para o estudante de Comunicação que deseja ingressar no meio publicitário ou até mesmo para aqueles que têm curiosidade no assunto.
Rodrigo, o senhor acha que hoje em dia é imprescindível para um profissional de marketing entender a fundo as mídias digitais?
Antes de tudo, o profissional de marketing digital precisa ser um curioso por natureza e apaixonado pelo assunto. Estas são as características que fazem a diferença, pois o mundo digital é um ambiente desafiador e que trará muito desconforto com o passar do tempo. As tecnologias, ferramentas, redes sociais e o conhecimento mudam com uma velocidade impressionante. Caberá ao profissional se manter atualizado sobre as tendências do marketing digital.
Resumidamente, como o senhor definiria a mudança nos parâmetros de consumo na era da convergência? E qual pode ser, na sua visão, o próximo passo do marketing digital?
Entendo que o futuro para as marcas é focar melhor na conversão e é essencial, também, que grandes marcas considerem o poder da convergência digital. Não basta utilizar como métrica somente a quantidade de curtidores, a quantidade de visitantes entre outras. O desafio dessas mídias é como transmitir seu conteúdo de forma integrada.
Nos dias de hoje, consumidores já adotaram múltiplas plataformas e dispositivos móveis. Um jovem pode, pela manhã, assistir ao seu seriado preferido no computador (Desktop), continuar entretido no celular durante o deslocamento para a faculdade no ônibus e, à noite, terminar assistindo seu vídeo no Tablet. Claramente, percebe-se que o comportamento do consumidor mudou e as empresas precisam pensar em uma comunicação de modo mais diversificado. Copiar a mesma identidade visual e pegada de conteúdo da publicidade tradicional, não é algo eficaz. É preciso ir além e buscar formas mais criativas de conquistar o público-alvo. Este é o desafio do profissional de marketing digital.