
Foto: Evandro Teixeira / Acervo O Globo
Por Vitória Kimura
No jornalismo, contar histórias vai muito além das palavras. A fotografia é parte fundamental desse processo porque registra o instante com uma força que o texto sozinho muitas vezes não alcança. Neste 19 de agosto, Dia Mundial da Fotografia, é impossível não lembrar da importância do fotojornalismo para a construção da memória coletiva.
No Brasil, uma das imagens mais marcantes do século XX foi registrada em 1968, no Rio de Janeiro. Após a morte do estudante secundarista Edson Luís, assassinado pela polícia militar dentro do restaurante Calabouço, milhares de pessoas foram às ruas em protesto contra a ditadura. Em meio à multidão, surgiu a faixa que dizia “Abaixo a ditadura”. Povo no poder”. O clique eternizou não apenas a presença massiva dos manifestantes, mas também a coragem de enfrentar a repressão em um dos períodos mais sombrios da nossa história.
Essa fotografia se tornou símbolo da resistência estudantil e permanece como um lembrete de que imagens podem ultrapassar a barreira do tempo. Elas não apenas informam, mas denunciam, emocionam e fortalecem a memória coletiva. Em 1968, o Brasil viveu o que ficou conhecido como “ano que não terminou”, marcado por mobilizações, repressão e, mais tarde, pelo endurecimento do regime com o AI-5. A foto daquela multidão condensou toda a força de uma geração que não se calou diante da violência do Estado.
O fotojornalismo exige do profissional muito mais do que técnica. É necessário sensibilidade para perceber o instante decisivo, aquele em que a imagem sintetiza a notícia em toda a sua potência. É também um trabalho de responsabilidade ética, pois uma fotografia pode mudar a forma como a sociedade compreende um acontecimento.
Celebrar o Dia da Fotografia é reconhecer esse poder. Uma imagem pode não falar, mas comunica, informa e marca para sempre a história que ela registra.
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